Este blog visa reunir textos e comentários dos alunos da disciplina Sociologia da Ciência e da Técnica, oferecida no segundo semestre de 2010 no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSC, sob a coordenação da Profª Tamara Benakouche. A disciplina tem como objetivo analisar a produção da ciência e a inovação tecnológica como elementos centrais para o entendimento da dinâmica social moderna. Nesse sentido, visará o estudo de questões teóricas - colocadas por autores clássicos e contemporâneos - e práticas, postas por processos sócio-políticos mais recentes. Adotando a perspectiva construtivista, procurará desenvolver uma crítica a análises que sustentam a natureza apolítica da pesquisa científica e o determinismo da técnica, resgatando a importância de novas formas de cidadania científica e das redes sociotécnicas.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Relatos da Sessão 2 - 18/8/2010

Relato da Sessão 2 – Marx, Durkheim e Weber: pensar a sociedade é pensar também a ciência

Por Fernanda de Sales

A Ideologia Alemã (Marx; Engels) - Em linhas gerais, o texto traça um paralelo entre as concepções Materialista e Idealista. Hegelianos são classificados como “velhos-hegelianos” e “novos-hegelianos”. Ambos são colocados como conservadores. São apresentadas limitações da crítica alemã. Discorre sobre a divisão do trabalho. Os pontos colocados em discussão foram: bases materiais; influência da religião; busca por uma ciência positiva; mecanicismo (ou não) nas palavras de Marx; busca por uma teoria sociológica do conhecimento; busca da constituição de categorias na História; falsas representações; consciência do homem determinada pela realidade social.

As formas elementares de vida religiosa (Durkheim) - No texto a(s) religião(ões) é posta como coisa eminentemente social, pois todas elas possuem elementos externos e outros mais profundos, que por sua vez, podem ser identificados nas representações fundamentais, nas atitudes rituais. Esses elementos estão presentes em todas as religiões, são permanentes e “constituem o que há de eterno e humano na religião” (p. 33). Podem ser mais visíveis em sociedades chamadas inferiores, onde há menor desenvolvimento de individualidades. Apresenta o método (científico?) para se chegar ao conhecimento. As discussões foram suscitadas pelos seguintes pontos: o método; a condução do texto em defesa do método; relação com os símbolos (representações); dois “Durkheims” – um, do método, outro, dos estudos religiosos; surgimento das idéias; a concepção de representação mais presente que a concepção de idéia; reino natural e reino social; valores e interesses.

A ciência como vocação (Weber) - Estabelece paralelo entre a docência e a ciência para apresentar as condições da ciência como vocação no sentido material. Questiona o significado da ciência como vocação, bem como a real contribuição da mesma para a vida prática. Foram evidenciados para discussão os temas: neutralidade do professor; sociologia da ciência já sendo “feita” por Weber (teoria e experimentação racional); busca da racionalidade e necessidade da irracionalidade; desencantamento do mundo; identificação de bases para a Sociologia do conhecimento; determinação das idéias a partir da realidade; comparação entre ciência e arte; comparação entre professor e pesquisador; necessidade de especialização; ciência e paixão.

Em comum, os três textos trazem a religião para o debate - a constituição da ciência a partir da ou em contraposição à religião.

Por Adan Christian de Freitas

Os três textos tratam do conhecimento, de forma geral, e da ciência.
Os três clássicos buscam consolidar um novo campo de estudo: o conhecimento científico da sociedade.

Discussão sobre a obra de Marx: “determinismo”, “mecanicismo”? – A consciência do homem é determinada por seu ‘ser social’.
Ideologia: “má ciência”, ou “consciência errada”. Conjunto de idéias falsas que passam por verdadeiras com objetivo de dominação de uma classe sobre outra.

“As formas elementares da vida religiosa”, de Durkheim: teoria sociológica do conhecimento. – As idéias têm origem social.
Durkheim procura dar um fundamento sociológico para as categorias básicas do entendimento humano: espaço, tempo, gênero, etc.
O pensamento religioso resulta no conhecimento científico.
Dualidade do homem: indivíduo-sociedade.
A razão é social.

“A ciência como vocação”, de Weber: condições institucionais da ciência.
Provisoriedade do conhecimento científico;
Ciência enquanto carreira: crescente especialização; necessidade de reconhecimento dos pares.
Ciência e ‘desencantamento do mundo’: o conhecimento científico esvazia o mundo de sentido.
Predomínio da racionalidade instrumental.
A ciência fornece os ‘meios’, não os fins. Espaço para o político.

Um comentário: