Este blog visa reunir textos e comentários dos alunos da disciplina Sociologia da Ciência e da Técnica, oferecida no segundo semestre de 2010 no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSC, sob a coordenação da Profª Tamara Benakouche. A disciplina tem como objetivo analisar a produção da ciência e a inovação tecnológica como elementos centrais para o entendimento da dinâmica social moderna. Nesse sentido, visará o estudo de questões teóricas - colocadas por autores clássicos e contemporâneos - e práticas, postas por processos sócio-políticos mais recentes. Adotando a perspectiva construtivista, procurará desenvolver uma crítica a análises que sustentam a natureza apolítica da pesquisa científica e o determinismo da técnica, resgatando a importância de novas formas de cidadania científica e das redes sociotécnicas.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Relatos da Sessão 3 - 25/8/10

Relato da Sessão 3 - Meios de Produção, Divisão do Trabalho e Racionalidade Moderna como Dimensões da Tecnologia

Por Denise M. Nunes

➢ Questão inicial da aula ↔ frase para se pensar: “Responder a questão sobre os efeitos de uma determinada tecnologia sobre a sociedade exige que se tenha uma boa teoria de como a sociedade funciona” (MACKENZIE; WAJCMAN, 1985). Existe uma definição do termo tecnologia de acordo com o grupo que está fazendo uso da mesma.
➢ Marx:
Não se coloca contra as forças de trabalho. O problema para ele não é a tecnologia em si, mas as relações de propriedade que ela envolve. Examinou a lógica interna da tecnologia. Sua fonte de dados é a economia.
O elemento determinante das transformações é o mercado – estas implicam demandas que levam à diferenciação dos mercados – que envolve relações dinâmicas. Produção dos meios de produção → uso da tecnologia no capital. É otimista com relação à idéia de progresso.
Não considera o indivíduo em sua análise, apenas as classes.
Seu argumento central no livro “Manifesto Comunista” trata de uma tecnologia que transforma o mundo e que está por trás de uma classe.
➢ Durkheim:
Consciência coletiva e consciência individual.
Solidariedade mecânica e orgânica.
A tecnologia foi criada para melhorar as condições de trabalho do trabalhador. Projeção de futuro → organização profissional. Vai ocorrendo um processo de individualização através da divisão do trabalho. Assim o indivíduo vai emergindo. Sua fonte de dados é a antropologia.
Opõe-se ao conceito de alienação em Marx. É otimista com relação ao uso da técnica.
➢ Weber:
Importância da técnica → necessidade de racionalizar os ganhos foi importante para o espírito do capitalismo. Necessidade de usar racionalmente a natureza e a inteligência humana.
Ascetismo levado para a vida profissional.
Produção em série → possível através do uso de máquinas.
Gaiola de ferro → manto das preocupações com bens materiais.

Por Rafael Mattiello

• A Sociologia da Ciência e da Técnica, como a Sociologia Geral, se estrutura a partir das contribuições teóricas dos chamados “pais” desta disciplina. Assim, nessa sessão foram colocados em ponderação diversos aspectos relacionados à questão da técnica e da tecnologia, tendo em vista a análise de: O Manifesto Comunista, escrito por Marx e Engels; O Capital, escrito por Marx; A Divisão do Trabalho Social, de Durkheim; e A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Weber. Estes textos clássicos não tratam de maneira contundente da problemática de pesquisa “tecnologia”, mas conceituam diversas questões correlacionadas ao assunto ao desenvolver as bases de uma disciplina essencial à compreensão do funcionamento da sociedade: a Sociologia. No começo da sessão, a professora tratou das diferentes dimensões do significado de "tecnologia" e das diferentes acepções deste termo.

• O primeiro autor analisado foi Marx: a) para ele a tecnologia não é neutra, mas serve aos interesses da classe dominante, e não está favorecendo a civilização humana como um todo; b) Marx é determinista com relação à técnica? Existem fortes argumentos para dizer que sim, mas a maioria dos autores prefere acreditar que não; para eles, Marx introduz diversos elementos sofisticados à sua teoria que negariam esse determinismo; c) Marx examinou a lógica interna da tecnologia descrevendo o processo tecnológico, onde o trabalho é intensificado pelo intermédio da introdução de novas técnicas.

• Num segundo momento, discutiu-se Durkheim: a) Solidariedade mecânica é o contrário do que prega Marx: parte-se de uma sociedade igualitária, em rumo crescente a uma maior diversificação; b) A divisão do trabalho vai levando a uma diversificação, mas com solidariedade. No início não existiam habilidades especializadas. Com a especialização do trabalho, as pessoas já não se tornam tão intercambiáveis; existe uma individualidade maior. Evolutivamente, vai havendo outro tipo de solidariedade: a solidariedade orgânica; c) Marx e Durkheim se aproximam na idéia de como a máquina interliga a sociedade.

• Finalmente, debateu-se Max Weber: a) A questão principal diz respeito à sua tese de que a racionalidade ocidental, especificamente aquela resultante da ética protestante, foi determinante no desenvolvimento do capitalismo; b) Foi destacada a ideia de usar racionalmente a natureza e a inteligência humana; c) Foi discutido que a preocupação com os meios materiais se torna uma "prisão de ferro".

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